sexta-feira, 31 de julho de 1992

Paralelo

Não, não quero acreditar
Nem que me provem
Mesmo assim vou duvidar.
Talvez esteja enganado
E olha, raramente me engano
Você é diferente
Sinto isso em mim
Algo a mais brilha em você
Muito acima de falsidades
Muito, muito além de inverdades
E pouco a pouco, bem de mansinho
Você preenche um pouco em mmi
Talvez não me complete
Nem seja o meu mundo
Mas, mesmo o menor gesto
Vale muito, toca fundo
E sabe menina
Os caminhos são engraçados
Talvez estejam paralelos
Mas quem sabe este paralelo
Tenham o mesmo grau
E seja o mesmo paralelo
Apenas em dois mundos diferentes.


Roberto 31 / 07 / 92

quarta-feira, 29 de julho de 1992

Pintura apagada

Quero te pintar em meu quarto
Arranjo pincéis e tintas multicores
Como começar é o problema
Tento unir o que sinto
Com o que vejo em você
Rabisco o meu esboço
Ele me parece tão real
Um pouco de luz aqui
Um pouco de sombra mais ali
E pouco a pouco toma forma
Um pensamento tão nítido.
Mexo as minhas tintas
A procura de um tom ideal
É inútil não consigo
Nada me parece natural
E com um pincel, de preto rabisco
Linhas e traços no teu rosto
Vão sumindo tuas curvas
Vai desaparecendo meu esboço.
E percebo que é em vão
Nunca te farei tão perfeita
Prefiro te ver em meus pensamentos
Que te reproduz tão original
Que chego até ficar confuso
Qual dos meu dois mundos
É o meu real.

Roberto 29/07/92

terça-feira, 28 de julho de 1992

Take de emoção

A quatro dias de um final
A dúvida ainda me ronda a mente
São capítulos decisivos
Não pode haver erros
São passos calculados
Atitudes, palavras e gestos
São contados os momentos.
Não há porque ter medo
É fácil quando se tem coragem!
E no final desta aventura
Apenas dois personagens
Tem o seu final feliz
Um na certa serei eu
O outro, você é quem me diz
E todos os recursos disponíveis
São usados na encenação
Amor, carinho, emoção
E mais uma gama de sentimentos
Peças de um jogo de cenas
Na busca de um ideal perfeito.
Sou o diretor, o astro, o dublê
Quem escreve e critica os textos
Você é apenas personagem
Que pode ou não ser principal,
Pode ser minha mocinha
Ou apenas bandida no final.

Roberto 28 / 07 / 92

segunda-feira, 27 de julho de 1992

Luz

O pensamento gira
E cada dia está mais confuso
O mundo diz que não
O coração insiste em afirmar
Sinto-me em uma encruzilhada
Onde os caminhos parecem iguais
Sem saber qual é o certo
Sento-me e começo a pensar
Penso, penso, penso
E o meu tempo vai passando
Não encontro nenhuma pista
Que me diga com clareza
Que aquele caminho é o certo.
E o tempo passa
Rápido e soberano
Atrás dele vão os sentimentos
O amor, o carinho, a saudade
Se distanciam de mim
Me deixam ali sentado
Pensando, perdendo tempo
Sem saber se já não é tarde
Resta apenas uma esperança
Uma luz bem pequena no fim da estrada
Brilhando sempre sozinha
Iluminando uma caminhada
A luz divina, força suprema
É o meu Deus nesta jornada.

Roberto 27/07/92

sexta-feira, 24 de julho de 1992

Eco vazio

Silêncio absurdo
Grito, não sou mudo
E os ecos resvalam
Em uma parede qualquer
Voltam e me deixam surdo.
Preciso que o mundo escute
Mesmo que não entendam nada,
O vazio é muito estranho
Dizem que não preenche nada
Pois estou vazio
E estou cheio disso.
Não adianta procurar rimas
Porque dor não rima com amor,
É certo que é loucura
Mas a cura é um devaneio
Grito sem receio
Não podem me ouvir mesmo
Sua audição é tão curta
Que a si próprio não escutam
E para que sentir
Um dia vem atrás do outro
O difícil é não sonhar
Quando se fica acordado muito tempo.


Roberto 24/07/92

Fuga

Pingo a pingo vão caindo
Gotas de sentimento
Pouco a pouco vão enchendo
De tristeza um coração.
Em saber que está se consumindo
Um amor sem ser aproveitado
E para que te ter tão perto
Se sou alguém a mais numa agenda,
Pra que viver realidades frias
Basta-me a noite para gelar meus dedos
E se tenho medo
E porque você me assusta
Com seus passos calculadamente planejados,
Peças de um jogo
Onde a vitória é um vazio
Não consigo entender
As regras desta disputa
Se não há vencedores
Porque haver luta
Não serei tão desportista
Se o importante é competir
Sem chances, não sou eu
Quem vai querer insistir.

Roberto 24 / 07 / 92

quinta-feira, 23 de julho de 1992

Amor abstrato

Raio de luz
Uma fonte de beleza
Brilho que ofusca
Infinitamente a natureza
Ah! Princesa menina
Resposta ao inexplicável
Uma eterna afirmação
Busca do irreal
Inicio de uma paixão
Ah! Princesa menina
Resplandecer de uma aurora
Uma indescritível sedução
Brinquedo de cristal
Incentivo de um coração
Ah! Princesa menina
Razão para uma aventura
Uma revelação paradoxal
Banho de espuma
Instante irreal
Ah! Menina princesa
Realidade
Única
Bandeira de paz
Incerteza de saudade
Ah! Princesa menina.

Roberto 23 / 07 /92

Pedaços Perdidos

Como dizer o que sinto
Amor, atração, desejo
Respostas ao teu carisma
Lacunas a serem preenchidas
Apenas pelos teus beijos.
Duvidas em um sentimento
A ponto de me deixar confuso
Naquilo em que realmente quero
Indecisões que me angustiam.
Entre o real e a ficção
Lutam dois lados de um sentimento
Arrebenta-se um coração.
E faz em pedacinhos
Que se espalham pela vida
E pra restaurar
Quem me ajuda
Talvez nem valha a pena
Faltam pequenos pedaços
Que jamais serão colados
E se forem não ficarão perfeitos
Serão remendos e mais nada.

Roberto 23 / 07 / 92

quarta-feira, 22 de julho de 1992

Razões

Quanto vale um pensamento
Muito mais que imaginas
E quando este pensamento
É cheio de sentimentos
Não existe mais preço.
Razões pra te esperar
Única e verdadeira esperança
Brincas e machucas um coração
Ignorando algo tão sublime
Ah! Menina não sabes
Como és importante em uma vida.
Razões pra te esquecer
Um momento sequer nem imagino
Bom mesmo é ter você
Imaginação ou ilusão divina.
Ah! Menina não sabes
Como és importante em uma vida
Razões pra te amar
Um milhão eu te revelaria
Basta-me apenas o teu olhar
Intenso, meigo, sublime
Ah! Menina não sabes
Como és importante em uma vida.
Roberto 22 / 07 / 92

terça-feira, 21 de julho de 1992

Grito abafado

Tão distante
Tão presente
Tão desejo em uma mente
Tão engano em uma vida
Tão querida, tão sofrida.
E entre risos sinistros
Omissões de paixões ausentes
Na dor que chega rápido
Um espelho pode quebrar.
E pra que sentir
Se só os insensíveis vivem
E porque não gritar
Estão surdos mesmo.
Grito! Suplico! Explico!
E não adianta
E muito gelo
E no frio não se pode amar.

Roberto /92

Brinquêdo

Uma flor tão bela
Obra prima de uma estação
Que se destaca entre mil
Que perfuma desilusão.
Uma flor daninha
Como daninha são as ervas
E como embriaga!
E fico tonto me alucino
E sou menino
Procurando meu brinquedo
Ao achá-lo, talvez brinque
Ou quem sabe, quebre-o
Mas não passa de plástico
Moldado em formas quaisquer
Que um dia serão lixo
E lixo é pra se jogar fora!

Roberto /92

Adulto

Grito! E daí!
Grito mais alto
A cada grito seu.
Grito que estou cheio
Cheio de seu medo
Cheio de sua insegurança
Cheio de ser só eu o adulto
E você, sempre a mesma criança
E quando o grito passa
Me sinto sem graça
Ao ver teu rosto magoado
E me agarro a você
Como um náufrago
Na tábua de salvação.
Sinto o teu cheiro
Ouço teu coração
E também choro
E nessa hora
O adulto vai embora
E toda fortaleza se desmancha
Por que apesar de ser adulto
Não passo de uma criança.

Roberto /92

quinta-feira, 16 de julho de 1992

Limites

Longe de um desejo
A ponto de sentir saudades
E os dias são eternos
Na esperança de te rever
Uma certeza que insiste
Em dizer que não é em vão
Um coração que insiste
Em acreditar em emoção.
Te vejo em meus sonhos
A vagar sozinha ao por do sol
Que numa cena quase fotográfica
Faz transparecer os contornos do teu corpo
Silhueta de perfeição
Que hipnotiza um olhar que te contempla
E és única em um pensamento
Que espera
Pra sempre tua presença.

Roberto 16 / 07 / 92

sábado, 11 de julho de 1992

Incerteza

As esperanças são caminhos
Que nos levam por certas vezes
A lugares obscuros do nosso conhecimento.
A procura incessante de um momento
É quem conduz a destinos incertos,
E não estou certo
Se o que procuro
É o que eu quero na verdade
Talvez a minha verdade
Seja mentiras em outras bocas
E a expressão mais louca
Seja lúcida aos meus olhos.
E como ter certeza
Se eu ou o mundo está com a razão
Talvez nunca saiba
Serão interrogações vagando sem respostas
E se tivessem
Não fariam sentido.

Roberto 11 / 07 / 1992
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