domingo, 4 de dezembro de 2011

Houve uma vez um verão em Jacumã – Final


       

A noite estava animada. Havia só um lugar naquela noite, onde ela poderia estar, isto é, se ela gostasse de carnaval e gostasse de dançar e pular a noite inteira; e era para lá que eu deveria ir se quisesse encontra-la novamente.
Munido de meu kit folião, nada mais que um cantil, uma bermuda e uma camisa, lá fui eu em busca de meu destino. Chegando ao “Dragão do mar” (pelo menos era assim que se chamava o único local onde as pessoas se reuniam para comemorar o carnaval, naquela época), após um rápido reconhecimento do local, resolvi deixar para o acaso, todo os acontecimentos daquela noite, junto com alguns amigos, entramos na folia ao som de frevos e marchinhas carnavalescas entoadas pela orquestra, vale salientar, que naquele tempo ainda se brincava o verdadeiro carnaval.
Após algumas horas de puro e simples divertimento, alguém me chama a atenção, em um canto do salão, alguém que eu jamais pensaria encontrar ali, faz um aceno e vem em minha direção, não, não era a garota da praia (pelo menos eu achava que não), era ela, a outra menina do grupinho que eu tinha conhecido em Campina há alguns meses atrás, parecia mutuo, a alegria desse encontro, afinal ela era a outra pessoa por quem eu tinha ficado interessado, conversamos e pulamos bastante juntos naquela noite, e lá pelas tantas, acompanhei-a até a casa onde ela estava passando o carnaval, marcamos de nos encontrar na manhã seguinte para curtir aquela praia maravilhosa e paradisíaca, e despedi-me com um simples beijinho no rosto dela, é para a decepção de muitos leitores que já imaginavam altas cenas de amor descritas aqui, venho ressaltar que este não é um conto erótico.
Na manhã seguinte, após umas poucas horas de repouso, e ansioso por encontrá-la novamente, sigo para o local predeterminado para o encontro, e como era normal eu fui o primeiro a chegar no local, afinal vocês mulheres sempre gostam de fazer um charminho e deixar a gente esperando um pouco mais, sentei-me embaixo de um guarda-sol e fiquei ali a admirar aquela vista maravilhosa e um mar tão azul que se confundia com o azul do céu que naquela manhã em especial não apresentava nenhuma nuvem. Anseio-me a te esperar e os minutos parecem séculos ante aquela espera quase que eterna, mas, enfim lá vem você, vestindo (despindo) um biquíni branco, que em contraste com sua pele morena, já dourada pelo sol daquele verão, deixava à mostra todo aquele corpo escultural que generosamente a natureza lhe tinha proporcionado. Como você estava linda! Com seus cabelos esvoaçando e um sorriso lindo, um tanto malicioso eu diria, como se soubesse de tudo que aquele conjunto estaria me proporcionando naquele momento, e olha que tive que me conter muito, para não deixar transparecer fisicamente todo o meu entusiasmo naquela hora.
Você senta ao meu lado, e ficamos ali, sem preocupação com o tempo, colocando todos os nossos assuntos em dia, após um mergulho e outro para nos refrescarmos daquele sol vigoroso de verão, mas uma vez marcamos para nos encontrar no final da tarde para desfrutar do lindo pôr-do-sol que Jacumã sempre nos proporcionava.
Há essa altura eu já estava completamente enfeitiçado por ela, e meus pensamentos agora já não conseguiam mais controlar as minhas emoções, tudo o que eu queria era estar perto dela, mas, aquele verão ainda me reservaria mais emoções, vejamos.
Lá pela tardinha, já próximo do pôr-do-sol, lá estava eu, parecendo uma criança esperando por um brinquedo em uma noite de natal, e realmente o que ocorreu naquele dia teria sido o maior presente que eu já havia recebido.
Estou sentado no mesmo lugar da manhã, como sempre admirando agora as ondas que com a maré que estava subindo, chegavam cada vez mais perto, e num vai e vem contínuo apagavam umas poucas palavras que eu tinha rabiscado na areia, então você chega devagarzinho e senta-se a minha frente, como se dissesse em seu gesto silencioso, há algo mais maravilhoso do que esta vista do mar, olhe e veja!
Realmente, com um shortinho e uma camisa de botões que entre abertos, á cada rajada de vento, deixava amostra aquelas fontes de prazer que agora sem nada para encobri-los revelavam um misto de emoções e também um pouco de frio com a proximidade da noite. Vendo que eu não conseguia disfarçar o olhar, você finge-se inocente e provoca ainda mais meus instintos, inclinando-se e sussurrando em meu ouvido palavras sem sentido.
Ficamos ali muito tempo a nos contemplar, inertes e silenciosos, apenas ouvindo o barulho do mar que agitado parecia cobrar de nós mais de que simples olhares.
Toquei seus lábios com meus dedos e como um pintor que faz a sua obra prima, refiz todos os seus contornos, e sem precisar dizer nenhuma palavra, te revelei toda a minha emoção daquele momento, e de como você naquele momento era a razão principal da minha vida.
O resto da noite, foi maravilhosa, que até esquecemos que era carnaval, não cabe aqui descrever momentos mais íntimos, mas, cada um tem a sua imaginação, e pode prever o que aconteceu até o fim do carnaval. Ah, ia me esquecendo, depois de muito conversar com ela, descobri que era ela a garota da silhueta no começo da história. Como sempre, o meu instinto nunca me deixa decepcionado e assim foi o melhor verão da minha vida.
Roberto /83

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Houve uma Vez um verão em Jacumã – Parte II


...depois desses 10 dias iniciais, chegou a semana de Carnaval.
A praia começou a ficar lotada de turistas e foliões que misturados aos moradores do local, fariam daquele carnaval, o mais inesquecível e inesperado momento de minha vida.
Mas, seguiremos a ordem cronológica dos fatos, para que nenhum relato seja esquecido e deixado de lado, afinal, todo momento seria de crucial importância, para um bom desfecho dessa aventura insólita.
Para uma melhor compreensão dos relatos que se seguem, teríamos que voltar um pouco no tempo, e, relembrar de fatos ocorridos alguns meses atrás.
Antes, de começar o relacionamento com a menina à qual eu me referi no começo desse relato, relacionamento esse, que estaria passando por uma crise temporária, eu tinha conhecido algumas meninas de um grupinho de amigas, e entre elas, havia duas em especial que dividia a minha atenção, uma delas viria a ser minha namorada algum tempo depois, a outra, bem, essa seria a protagonista de todos os fatos que serão relatados de agora em diante, por razões pessoais e por não querer expor ninguém a julgamentos, prefiro me isentar de citar nomes reais de pessoas.
Voltando a Jacumã, continuemos com os acontecimentos daquele verão.
Sexta-feira, início de carnaval, e já um tanto exausto, porém gratificado, por alguns dias fantásticos, ponho-me a caminhar em direção aos meus pensamentos, era quase fim de tarde e o sol que tinha me contemplado com um dia majestoso, cedia seu lugar no firmamento, para uma lua embriagadora, que surgindo no meio daquele oceano fascinante, exibia seus raios prateados por cima daquelas ondas que teimavam em molhar os meus pés naquele instante; sento-me, e começo a vislumbrar aquela cena quase que irreal, que naquele momento era pintada por um Deus maravilhoso, e era oferecida a mim de forma gratuita.
Meio extasiado com tudo aquilo, deparo-me com uma silhueta que ao longe caminhava em minha direção, seus passos pareciam flutuar, tamanha era a sua elegância ao caminhar, o seu corpo em contraste com a luz da lua deixava transparecer os contornos daquela menina, que milimetricamente tinha sido delineada.
Quem seria ela? Minha curiosidade mesclada com um desejo de conhecer a dona de um corpo tão escultural, deixava o meu peito ofegante a medida que ela caminhava em minha direção. Mas, o destino, outra vez estaria me pregaria uma peça; de súbito alguém correndo em direção a ela, a leva para o outro lado, e sela de uma vez por todas a possibilidade de que eu conhecesse aquela que seria a razão do meu melhor verão em Jacumã.
O resto daquela noite seria inútil para mim, mesmo que eu estivesse cercado de pessoas, na certa eu estaria á procura apenas daquela menina misteriosa que tanto encantou o meu coração.
Como encontra-la? Como reconhecê-la no meio de tantas outras pessoas, tão ou mais bonitas do que ela? O jeito era contar com a surte e o meu instinto que quase nunca me deixou na mão.
(...continuarei no próximo post o final surpreendente desta história)
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